Sem a coordenação de nenhum partido e nem emissora de televisão, vi jovens se organizarem pelas mídias sociais e exigirem um basta!
Milhões de pessoas foram as ruas em todos os estados.
A principal reivindicação era a redução do valor da passagem mas outros gritos se fizeram necessários: a queda da PEC 37, o repúdio à corrupção, a exigência de melhorias imediatas na saúde, educação e segurança.
Lotamos as ruas, as mídias sociais e cada um a sua forma, buscou a revolução em um grito uníssono: QUEREMOS UM BRASIL MELHOR!
O grito não pôde ser contido e nem ignorado.
Veículos de informação de massa tentaram denegrir a motivação das manifestações mas tiveram que respeitar e reconhecer o que estava acontecendo.
Ao contrário do FORA COLLOR (eu era criança ainda), desta vez eles não estavam no controle e agora, a comunicação não é mais ditada apenas pelo que eles transmitem.
Agora a população acordou e se deu conta do poder que tem.
Talvez, os jovens tenham se dado conta de que a globalização não serviu apenas para estimular o consumo voraz.
As mídias sociais tem um poder absurdo e a mobilização que ela possibilitou transformou a população de espectadora à protagonista de um dos movimentos mais lindos que já vi.
Lindo mas com outras facetas e cenários nem tão positivos.
Em determinado momento, a ausência de liderança política fez pesar a falta de diretriz do movimento.
Pressionados pela opinião popular, o aumento das passagens foi cancelado.
A PEC 37 foi cancelada.
Ações de vandalismo tomaram conta das cidades. Patrimônios públicos foram destruídos e a população começou a se questionar.
Em resposta, muita violência por parte do Estado.
Pessoas feridas, gás, spray de pimenta, cacetete, tiros de borracha pra cima da população indistintamente, colocando cidadãos e vândalos na mesma mira.
A pauta é clara: queremos um Brasil melhor mas ainda nos falta a consciência de classe!
Precisamos reunir todas pautas sociais e exigir mudança não apenas no tocante as nossas necessidades e sim ao que nos torna frágil e atrasado como sociedade.
Reunir a pauta dos negros, dos índios, da população em situação de rua, dos drogaditos, dos gays e até daquele policial que jogou spray de pimenta em uma jovem desarmada.
O que nos fragiliza é uma força tão hegemônica e perversa que mesmo implicitamente esmaga quem não se percebe oprimido.
Não basta querer um movimento anti partidário pois muitas vozes falando ao mesmo tempo torna a reivindicação inaudível.
Qual a pauta a ser apresentada? Quais são as propostas? Quem vai representar e ocupar mesa de negociação? Muitas perguntas sem respostas.....
Dizem que o gigante acordou. Talvez. Eu vi uma sociedade se questionar pela primeira vez e sair as ruas não para curtir o Carnaval mas para lutar por direitos.
Tudo isso em plena Copa das Confederações e com os olhares do mundo sobre o Brasil.
Vi a presidente ser vaiada na abertura da Copa.
Vi noticiários tendo que dar mais enfoque as manifestações do que a Copa.
Vi pessoas dizendo que recuperaram o orgulho de ser Brasileiro!
Vi o Tetra Campeonato do Brasil na Copa das Confederações.
Vi meu filho gritar GOL DO BRASIL e vibrar com a camisa da seleção.
Eu vi tudo isso e tenho certeza que tudo que vi, entrará para a história.