segunda-feira, 11 de julho de 2011

Do real amor

Sabe, sempre tive uma queda pelos estudos acadêmicos e por dados estatísticos. Os temas que envolvem o estudo da sexualidade humana, maternidade, violência contra crianças e adolescentes e educação infantil sempre me chamaram atenção.
Na época da graduação, procurei um livro que estava esgotado na editora a anos e quando achei-o, devorei sem muitas delongas.
O livro chama-se  Um amor conquistado : Mito do amor materno, escrito pela brilhante Elisabeth Badinter. Este livro me trouxe embasamento teórico para minhas divagações a respeito do amor materno e os grandes véus que envolvem o tema.
Defendia as linhas teóricas do livro antes de ser mãe... e agora que sou.... caraca, não mudou nada!hahahaha
Pessoas queridas, acho a maior graça das mamães que pregam que após o parto, o amor se estabelece como condição sine qua non. Que o rebento sai das suas entranhas e vc, pluft, já ama enlouquecidamente!
Bem.... isso tudo é lindo, é bacana de você dizer... mas é tudo mentira. A mulher é impulsionada a estes sentimentos, pois eles são esperados e ditados pela cultura que nos impregna e as vezes  impõe que você haja ou sinta assim.
É como um papel a ser desempenhado e que, para você ganhar louvor e estrelinha no caderno, tem que agir daquele jeito.
O amor materno é cultural, não é natural, não é comum a todos.
A esta altura todos as xiitas devem procurar pedras para me atirar, mas defendo que o amor materno é algo construído.
No meu parto, quando a médica trouxe o João Victor para me apresentar, fiquei olhando pra ele com estranhamento. Me emocionei porque não há coisa mais linda do que 'dar a luz', no sentido mais amplo da expressão. Mas não amei naquele momento - pronto falei.

Aquele bebê e eu, coabitamos no mesmo espaço, dividimos sensações, nutrientes, atenção, mas éramos completos desconhecidos.
E não tenho medo de falar isso. Meu filho foi planejado, desejado, querido mesmo antes de chegar.
Eu amei nos dias que foram se passando. A cada novo sorriso, descoberta. Amei quando ele reconheceu minha voz, quando desejava o MEU COLO, quando demonstrava confiança em mim e hoje, um ano e dois meses depois, é meu parceiro, meu amiguinho, minha sombra.
O problema dos modelos estabelecidos culturalmente, é que eles não abrem possibilidades para aquele que é, ou deseja ser diferente, porque ele já é rotulado como errado, anormal ou aberração.
Acredito no desejo de defesa da cria, na proteção, na responsabilidade e doação que inicia junto com a 'vinda do leite', mas amor a primeira vista... bem, a realidade não é bem essa.

Pra finalizar, o clipe que me faz suspirar e pensar no meu filhote:
 

Um comentário:

  1. Oi Vivi! Tudo bem?
    Passei para agradecer sua visita e comentário lá no blog e conhecer o seu!

    Li seu texto e, guria, sou obrigada a discordar (não sei se é bem discordar, talvez apenas lançar o meu ponto de vista, o que aconteceu comigo) dele em partes, não porque ache que vc esteja errada em pensar que o amor materno se constrói, é cultural e não natural. Acredito também que muitas mulheres se encaixam nesse padrão. E para elas isso é realidade.

    Mas comigo aconteceu exatamente o que vc disse: eu me apaixonei, amei loucamente a minha filha tão logo a tive nos braços! Foi uma coisa muito, muito louca, porque durante toda a gestação eu não havia sentido nada assim. Eu gostava dela, claro, minha filha, desejada e tals, mas não sentia "aquela coisa" sabe? E assim que ela nasceu e nossos olhos se cruzaram, foi mágico! Choro ainda hoje só de lembrar!

    Nessa segunda gestação eu tb estou me sentindo meio alheia com o segundinho, mas já não me preocupo tanto, pois imagino que será da mesma forma.

    Existem tantas outras mulheres que se apaixonam assim loucamente pela idéia de um filho, por ele dentro da barriga...outras constróem o amor como vc disse, e outras como eu são invadidas por ele após o parto!

    Adorei seu texto e te linkei para ir acompnhando o blog!

    Beijos!
    Nine
    http://minhapequenaisis.blogspot.com/

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