terça-feira, 27 de novembro de 2012

Quando a pergunta dói no ouvido...

Ensinamentos passam de mãe para filha, entre comadres, amigas, mães mais experientes e você vai acumulando, ouvindo, construindo seu saber e percepção.
Quando voltei a trabalhar após a licença maternidade, João Victor estava com cinco meses. Foi dífícil lidar com esta primeira ruptura de laço. As primeiras semanas foram torturantes e não rendi nada.
Meu pensamento era focado em cada minuto, cada momento do que eu estaria perdendo do meu filho.
Dói. Lidar com esta ausência inicial e não ter opção de fazer diferente. 
Dói. Sentir seus seios enchendo de leite, vazando, saber que naquele momento, seu bebê esta com fome do seu leite e você esta longe, tentando garantir muito mais do que aquele leite...
Em momento de desabafo, ouvi: esta não é a pior fase.
Como não? Me perguntava.

De fato. Naquela fase, a falta é sua, é você mãe, que a sente e sofre.
Com o passar do tempo e o avanço do desenvolvimento, a criança aprende a falar e começa a verbalizar a falta, saudade e demais sentimentos.
Aí dói de um jeito diferente. Dói, porque aquele 'serzinho' olha para você e te faz perguntas que doem no fundo da alma.

Recentemente, fui almoçar com meu marido para comemorarmos nosso aniversário de casamento.
Deixei João Victor dormindo na casa da vovó e quando ele acordou, perguntou por mim e pediu para avó me ligar pois ele queria falar comigo.
Ao telefone, sua primeira frase foi: "Mamãe, puque você me largou aqui?".

Vazio, Eco, Garganta Seca, Escuridão dentro da alma.
Pontada no coração, voz tremida e as palavras escaparam do meu vocabulário.
Tá, eu sei que antes de ser mãe, sou mulher, esposa, que o casamento precisa ser cultivado e bláblablá.
Mas quando seu filho solta uma dessas, a CULPA aparece e te joga no chão. Mil perguntas, e as mais tenebrosas, surgem na sua cabeça e te machucam demais.

Ontem a noite choveu muito. João Victor estava sonolento e se eu o levasse para casa, teria que tirá-lo da cama quentinha e levá-lo para casa da avó. Isso cedo e possivelmente com tempo ainda chuvoso.
Ele acordou de madrugada, chorando e dizendo que "a mamãe não queria ficar com ele".

Fato. Esta fase é  mais difícil.
Tem sido sofrido para mim...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Desfralde 2

E seguimos na jornada de supressão as fraldas...rs
Considerações:
  • Esperar o momento certo (que varia de criança para criança) tem feito total diferença. João Victor já demonstrava estar preparado para o momento e isso facilitou a adesão dele ao processo de desfralde. Ele já diferencia o xixi do cocô e informa isso claramente.
  • Com medo de escapes, deixava o João Victor o dia todo de fralda e quando ia sair, colocava a fralda. Notei que isso estava confundindo a cabeça dele, pois ele pedia para fazer xixi e eu falava que era para fazer na fralda, ele me olhava desconfiado e não fazia. João Victor ficava sem fazer xixi até eu retirar a fralda e isso não é bom. Decidi pagar para ver e levar uma muda de roupa a mais, caso aconteça algum 'escape' - o que até agora não aconteceu.
  • Nos momentos de brincadeira e no colégio, o desfralde não tem funcionado. Todos os dias João Victor volta com outra roupa. Acredito que ele se distraia durante as brincadeiras e não peça para ir ao banheiro.
  • Agora ele esta fascinado com a 'arma de apontar xixi'. Quase estrangula o 'pintinho' e mamãe morre de dó.
  • Durante a noite ainda colocamos fralda mas na maioria das vezes ela amanhece seca. Estou pretendendo forrar o colchão com um plástico e deixá-lo também sem fralda a noite. Oremos! 

E cada fase que avança, mais percebo que meu bebê vai embora... pelinhos começar a aparecer na perna, alguns brinquedos são deixados de lado, ele começa a querer ficar com as crianças maiores, até no colégio fui informada que no jardim II ele terá dever de casa!
Como assim??? Daqui a pouco estou ajudando-o no vestibular.... como cantava Cazuza, o tempo não para!!!!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Desfralde

João Victor esta com 2 anos e 6 meses e não sinto-me pressionada em fazer o desfralde.
Ninguém me cobra, ninguém olha de maneira diferente e nunca me abordaram sobre este assunto.
Talvez seja porque minha maternagem não permite muitos pitacos sem noção e não aceita pressão externa então, não se dão ao trabalho.
Sempre tive na minha cabeça a idéia de respeitar o momento do meu filho e que quando ele tivesse pronto, eu saberia.
Pois bem, percebi há algumas semanas que João Victor passou a pedir para colocar cuequinha, passou a falar que fez xixi, passou a ter curiosidade em relação a minhas (em especial as do pai)  idas ao banheiro e cheguei a conclusão que talvez fosse o momento de tentarmos o desfralde.
Estava no término do outono e uma sequência de frentes frias me fez adiar este início até a melhora do tempo, afinal, estava preparada para a tormenta de xixis e escapamentos diversos...rs
O tempo voltou a esquentar, comprei umas 15 cuequinhas e decidimos iniciar.
Não posso dizer ainda como foi, pois ainda esta sendo, mas os primeiros dias tem sido mais tranquilos do que imaginei.
João Victor esta muito prosa, se sentindo um rapaz. Ainda confunde o xixi com o cocô, dá umas incertas, vai no troninho e quando chega lá, faz um pouquinho de força e diz que não quer mais.
Fazemos a maior festa quando acontece. Valorizamos o feito, elogiamos, batemos palmas, dançamos... ele fica feliz e entra na festa.
Neste primeiro momento, ele tem feito xixi no box e cocô no troninho. Essa nova rotina me fez adaptar a rotina de casa, já que detesto banheiro e porta do box aberta, mas enfim...
Compramos um troninho com dupla função, ele pode ser usado como troninho e tem uma parte que se destaca e transforma-se em um redutor de assento sanitário. Este é o modelo:
 


No último final de semana, ele fez um ensaio comigo dizendo que queria fazer cocô. Fui para o troninho com ele, ficamos conversando, ensinei ele a 'fazer forçinha' e um tempo depois ele disse que não queria mais.
Respeitei e quase uma meia hora depois, ele chamou o pai E FEZ!!!!
Palmas, alegria, pulos, festa, ritual do tchau para o cocô e ciúme mode on!!!! rsrsrsrrs mas voltemos a programação.
Para ir para a escola, a professora pediu para mandarmos um sem fim de mudas de roupa e cuecas. Mandamos diariamente cinco mudas de roupa e a mesma quantidade de cuecas. Umas duas voltam molhadas.
Quando saimos de casa para passear, ainda tenho levado-o de fralda mas penso em já modificar quando a rotina no xixi estiver mais regular e ele mais confiante.
Fomos a um aniversário recentemente e mesmo de fralda ele falou: mamãe, quero fazer xixi.
Eu disse que ele poderia fazer pois estava de fralda e ele voltou a brincar, ou seja, em breve sairemos de casa sem a fralda.
Meu bebê esta a cada dia, tornando-se um menino... como o tempo voa!
 



domingo, 23 de setembro de 2012

Vida real

Quando não estamos expostos a uma situação, sempre temos uma opinião sobre como agiríamos se estivessemos nela.
Antes do João Victor nascer, eu divagava sobre várias situações e estabelecia como iria me portar ao chegar em cada fase.
Olhando para trás, vejo que a vida me pregou algumas peças e chego a me divertir confrotando o que planejei, com o que de fato aconteceu aqui em casa.

Exemplos: 
Plano: Amamentar até os seis meses de vida do João Victor, exclusivamente.
O que de fato aconteceu: Com o retorno ao trabalho, logo na primeira semana meu leite reduziu bastante. Comprei uma parafernália de equipamentos, bomba, potes para armazenar leite, bolsa térmica... mas inicialmente, o leite reduziu durante o dia e eu levava o dia inteiro 'enchendo' o peito para poder amamentar a noite. Resumo: Amamentei apenas os cinco meses iniciais e sinto falta deste momento até hoje.

Plano: Retornar ao trabalho e quando chegar em casa, dar banho, a janta e colocar para dormir todos os dias.
O que de fato aconteceu: Sucesso parcial. Funcionou até o João Victor ingressar na escola, mas agora ele chega tão cansado, que mal dá tempo da vovó dar banho e janta, que ele já capota em sono e vai até o dia seguinte. Fico péssima quando chego do trabalho e não o vejo acordado. É como se meu dia não tivesse existido e pior, acontece com frequência.

Plano: Não oferecer nenhum alimento adoçado artificialmente.
O que de fato aconteceu: Plano seguido até o João Victor ingressar na escola com 1 ano e 10 meses e conhecer o vovô da escola que dá balinha a todas as crianças na saída. Depois disso, conheceu chocolate, pirulito, balas e eu morro cada vez que ele me pede estas coisas. Controlo ao máximo o consumo e só libero em situações muito especiais.

Plano: Não oferecer e nem permitir consumo de refrigerante.
O que de fato aconteceu: Sucesso absoluto e se alguém oferece, João Victor não toma, se é enganado, cospe na hora - e eu morro de orgulho! heheheh

Plano: Ele só assistiria programas educativos e músicas bem escolhidas.
O que de fato aconteceu: AMA Discovery Kids e me surta ao pedir inúmeras tranqueiras que aparecem nos comerciais, #ódio! Também não gosta de palavra cantada, mpb kids e outros, mas canta OI OI OI, Ai se eu te pego, quero tchu, tchá.... e eu oscilo entre rir e me desesperar. E ainda requebra com funk #morro2!

Plano: Alimentação bem natural, equilibrada e diversificada.
O que de fato aconteceu: Sucesso parcial. Funcionou até o momento das papinhas, mas ao migrarmos para a comida mais sólida, caos total e agora é daqueles que grita: batatinha frita, batatinha frita, batatinha frita, a cada vez que entramos em um shopping. Também é louco por sorvete e continua a amar frutas.

Plano: Me chamaria de mamae até 49 anos.
O que de fato aconteceu: Fui mamãe até mais ou menos 2 anos e agora só me chama assim para me adoçar. Na maioria das vezes é manhê, e por vezes solta um "ô garota", que tenho que me segurar pra não rir e não dar confiança...

Enfim, quando a vida acontece na sua cara, ela se mostra diferente de todas as subjetivações que construímos, e nem por isso ela perde a beleza e a autenticidade.
Fui viver e depois volto.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A escola e seu papel da sociedade


Venho de uma família pequena. Sou filha única, meu pai era filho único, minha mãe é a caçula de cinco irmãos. Não tenho primos com idade próxima a minha e meu espaço social sempre foi ligado a escola, cursos e atividades esportivas que fui inserida deste cedo.

Minha mãe sempre foi uma profissional brilhante e desde os anos 80, dedicou-se a carreira e a família. Meu pai, sempre atuou no setor privado e a rotina deles sempre foi de intensas horas de trabalho, (com horas extras) e finais de semana em família.

Minha rotina não é diferente e sempre soube que colocaria meu filho no colégio após seus dois anos.
João Victor nasceu e por não ter outras crianças no nosso convívio diário, resolvi buscar um colégio com a estrutura e projeto pedagógico similar ao que eu julgava importante.

A busca durou pouco tempo pois eu queria que ele estudasse no mesmo local onde eu mesma, anos antes, fiz o maternal.
O período de adaptação foi bem melhor do que imaginava mas incluiu todo xororô vivenciado pela maioria das mães. Crises na entrada (ou do filho ou da mãe), medos, inseguranças e todo espanto que o 'novo' proporciona.

O fato é que nestes sete meses de escola, João Victor se desenvolveu muito. Hoje ele possui um vocabulário mais elaborado, é capaz de relatar acontecimentos, contar pequenas histórias, conhece as cores, formas geométricas, canta, constrói as primeiras amizades e estabelece afinidades e relações.

Tudo muito bacana, se não fosse as vezes (e já conto umas 5) que ele chega machucado em casa.
Um dos canais de comunicação utilizados pela escola é a agenda do aluno, onde os professores relatam acontecimentos importantes no dia a dia do aluno.

A redação destes bilhetes vem me incomodando bastante pois via de regra, sempre vem mencionando que "o João Victor tirou a massinha da mão do amiguinho e ele não gostou e arranhou/mordeu/chutou/ bateu nele".
O discurso sempre dá conta que meu filho sofreu uma agressão mas que esta é justificada por algum comportamento dele.

Desde ontem (data do último episódio/ bilhetinho) isso vem martelando na minha cabeça.
Temos discursos tão bacanas, dizemos que queremos criar nossos filhos em uma cultura de não-violência, temos o cuidado de não reproduzir falas/ condutas sexistas e quando vejo, a escola, espaço onde meu filho fica 4 horas diariamente, ensina que a VIOLÊNCIA É JUSTIFICADA POR ALGUMA CONDUTA ERRADA DE QUEM A RECEBE, OU SEJA, VOCÊ APANHOU/ FOI MORDIDO/ ARRANHADO POR QUE VOCÊ FEZ POR MERECER, AFINAL, TIROU A MASSINHA DA MÃO DO COLEGUINHA!

E esta não é a conduta que predomina da nossa sociedade? Conduta que culpabiliza a vítima, sempre justificando o ato do agressor?
A mulher é violentada porque estava de saia curta ou roupa muito decotada.
A criança é abusada sexualmente porque seduziu o pobre homem, porque ela 'pediu', 'queria', 'gosta'.
A esposa apanhou porque respondeu o marido.

E onde se perpetua este 'modus operandi'? Nas casas, nas escolas, em todos os espaços que não se propõe a refletir sobre as formas pedagógicas e mensagens subliminares que passamos, mesmo sem querer, as nossas crianças.

Como enfrentar uma situação destas sem virar para o próprio filho e dizer, se o coleguinha bater, bata nele também.
O ideal, seria orientar que a criança buscasse ajuda ou intervenção de um adulto, no caso, a professora. Tenho optado por esta medida mas encontrar estes bilhetes, esta narrativa, me faz pensar no papel das escolas e dos profissionais que estão atuando com nossas crianças.

Combativa e militante como sou, já envolvi a direção da escola e outras mães nesta discussão. Não posso simplismente tirar meu filho do colégio pois isso talvez resolva o meu problema mas não contribui em nada no enfrentamento da questão.

Torna-se urgente repensar a escola e o perfil do profissional que nela atua. Este é um espaço importante de socialização e não se pretende (ou ao menos não deveria) ser delegado a ela a total educação das crianças.

Na escola desenvolve-se conceitos e estimula-se o conhecimento. Seu objetivo não é  reproduzir o aprendizado mas tornar possível o pensamento crítico, emancipando através do conhecimento, proporcionando que os novos cidadãos repensem uma sociedade mais justa, com mais respeito a dignidade, diversidade e amor.

Utopia? Não... eu acredito nisso!

Imagem: http://educainfantilotc.blogspot.com.br/



terça-feira, 11 de setembro de 2012

Heranças de uma vida


Hoje li um texto lindo publicado em um blog que leio diariamente.
Ele me fez refletir no tanto que aprendemos com as pessoas queridas (e as nem tanto) que passam pela nossa vida.
Este assunto sempre me ronda e me delicio em pensar no tanto que acumulamos e no tanto que percebo em mim, jeitos, práticas, falas dos meus pais, avós, amigos e familiares...

Reconheço estas heranças deixadas e penso no que deixarei ao João Victor. O que ficará nele da minha essência? O que ficará registrado e que será sua herança a cada vez que lembrar de mim???

Quando penso no meu pai, penso no jeito sarcástico e  debochado dele. Ainda vejo-o com prazer a frente da churrasqueira, vindo da feira alegre em trazer minhas frutas preferidas. Vejo cerveja Brahma e lembro dele, vou a um bar descolado e penso se ele gostaria do lugar.
Da vó Iracema, trouxe a vaidade, a paixão pelo belo e pelas panelas, receitas, boa mesa.
Da minha doce mãe, o afinco pelo trabalho, pela independência e a devoção à maternidade.
Da minha amiga Wanne, a paixão pela moda, da Bia o amor pela decoração...
Da tia Vilma, os pensamentos de uma maternidade descolada, que respeita o desejo do filho e deixa-o leve para exercer suas escolhas.
Da minha querida comadre Flávia, a conjunção entre ser mulher e ser mãe, que se descobre e redescobre continuamente.
De outros tantos amigos, virtuais ou não, que diariamente me contagiam, me ensinam, perfumam a minha vida e muitas vezes não se dão conta.

à todos eles, dedico este texto:

O QUE FICA
Sábado de manhã. Estamos nos arrumando pra sair, acabo de passar batom e ouço meu filho correr para a porta, dizendo: “Vão bora?” E a entonação é tão perfeita, que é como se eu ouvisse a mim mesma.
No almoço, ao servir o prato de uma amiga, percebo um quê da minha avó em mim. “Falta o componente”, eu me vejo dizer. Era seu jeito particular de avisar que o prato ainda não estava completo. E isso já é tão meu que sai sem pensar.
Passamos pelas pessoas. Pessoas passam por nós.
Da convivência com um ex-namorado de fina delicadeza, herdei o cuidado de chamar as pessoas de queridas. E é sempre com o carinho genuíno de quem quer que o outro se sinta mesmo benquisto.
Da minha mãe, herdei o barulho da risada e a mania de guardar o guardanapo amassado na mão fechada até o fim da festa. Do meu pai, ficou o gosto pelos detalhes e o pavor de vento nas costas.
Mas nem só de pessoas que se foram herdamos veludos na fala, palavras bem escolhidas, trejeitos que acabam passando para os que vêm depois de nós.
Os que não estão mais aqui ficaram. E há quem já tenha ficado sem nem mesmo ter ido.
Tive uma amiga que se foi, sim. Da minha vida, não do mundo. Mas deixou tanto dela em mim que às vezes sinto sua presença. E das minhas piadas rio com a sua inteligência. E adivinho as críticas que ela faria. Foi, mas ficou. Devo ter ficado nela também.
E assim nunca estamos sós.
Conto como meus alguns casos engraçados de uma família que não é minha, mas do meu ex-marido. E o relato tem o ritmo e a entonação dele, suas risadas pontuando o caso. São as lembranças boas que ficaram. Heranças.
De uma amiga que hoje mora longe, ficou o sabor do frango a passarinho e da caipirinha, cardápio semanal da nossa troca de confidências. O tempo e os fatos não abafaram o ruído típico das terças-feiras naquele tradicional restaurante português. No meio do barulho, nossas risadas.
Somos feitos de quem passa por nós. Vamos nos misturando em gostos, aprendizados, histórias. E assim somos um pouco mais o outro, sem deixar de ser cada um de nós.
E se o tempo é de interatividade sem fronteiras, somos até mesmo quem sequer conhecemos. Somos o que ouvimos, o que lemos, o que vimos. Somos o que nos toca. O que assusta ou preenche. Somos o oposto que choca. Somos o igual que conforta.
Sou a peça de teatro a que assisti duas vezes, o filme que me fez chorar, a viagem que não fiz, mas cujas fotos me impressionaram. Sou a biografia de alguém que já morreu. Sou o que quero ser.
Sou a empregada emburrada que me negava o suco antes do almoço. Sou a lágrima que me corria diante do prato de comida em frente ao suco. Sou o bacalhau disputado. O chefe que bocejava com som de filme de terror. Sou o porteiro que estava sempre de acordo. Sou musical, como o cartão que o amigo do meu avô enviava todo Natal. Sou o show do Prince, a camareira senegalesa do hotelzinho em Paris, o negro curaçaolenho que me indicou o caminho para a ponte.
Sou meu professor de redação publicitária e sua risada sarcástica que apavorava os alunos. Sou os olhos brilhando da avó de uma amiga – e sei fazer goiabada da roça. Sou os meninos carentes do Vale do Jequitinhonha: seca de abraço. Sou elétrica, mas mora em mim o olhar calmo do professor de ioga. E mora a faxineira tristonha, o velho de muletas, o cachorro magro na rua, a perua no alto do carro importado, a fumaça do ônibus, a guerra na favela. Sou o que fica impresso na retina. O que maltrata o coração. O que o bombeia de volta.
Sou muitas pessoas e de muitas delas nem sei os nomes. Sou lugares, momentos, cenas, sou o que não aconteceu. Sou frustrações e conquistas. Sou a falta de quem deixou de passar por mim. Sou o silêncio do que não li. A ignorância que pergunta. A criança que eu queria ter sido, a velha que quero ser.
Cada fato ou alguém que sou me diz um pouco mais de mim. E com tantas novidades sobre mim à minha volta, vivo surpresa. E meus olhos não perdem o viço.

Publicado na revista Encontro em 2011

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Primeiras vezes

Tenho adoração pelas 'primeiras vezes'.
Adoro a sensação de estar fazendo algo pela primeira vez. O friozinho na barriga, a sensação de insegurança, a surpresa, expectativa  e até o desapontamento pra mim, são especiais.

Tentei registrar a maioria das primeiras vezes do João Victor. O primeiro contato com a grama, a primeira ida à praia, o primeiro passeio no Zoo... enfim, o acesso ao novo, ao inexplorado ao mundo de texturas, cores e sensações que uma criança experiencia nos primeiros anos.

Isso me fascina. Tiro fotos, procuro captar a fisionomia, as falas, o cenário... tenho urgência em apreender estes momentos e de certa forma, eternizá-los.

O João Victor adora estes momentos e se joga neles! O bichinho não tem medo de nada e aproveita cada novidade.

Na semana passada viajamos para Aracajú e fora a estada maravilhosa e o lindo casamento que presenciamos, a primeira viagem de avião do João foi inesquecível.

Nosso voo estava marcado para 23 horas e eu achava que pelo horário, ele não iria aproveitar nada. Prestes a entrar no avião, ele acordou e ficou doido.
Ele olhava na janela e falava: "Olha mamãe, avião!" "Mamãe, tá voando, tá subindo..."
E ria, e chamava o pai, e repetia as frases completamente encantado.
Quando o avião alcançou certa altitude, a cidade era vista de cima e só se resumia a pequena e encantadoras luzinhas. João Victor fitava a paisagem fascinado e eu embevecida de ternura ao ver esta cena.

Tirei muitas fotos e espero jamais esquecer desta carinha sapeca.
Tudo vale a pena.....................................

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Não gosto de me sentir sugestionada pelas matérias das revistas, muito já houvi dizer desta fase mas quando ela inicia é punk-rock-hardcore!
Terrible two ou apenas a fase em que João Victor decidiu me enlouquecer!
O carinha esta manhoso, cheio de opinião e vontades. Faz pirraça nos momentos mais impróprios e escolhe a dedo sua platéia.
Faz inúmeras fofurices ao longo do dia mas se aparece alguém de diferente, basta para o show começar.
Cheio de vocabulário, a mamãe que antes era chamada de princesa, agora é a CHATA, MALUCA e por aí vai.
Na última reunião de pais realizada na escola do João, esta foi uma reclamação geral e todos os pais apresentaram suas dúvidas, reclamações e buscaram orientação sobre como lidar com esta fase tão complicada. 
Todos na turminha tem idades bem próximas, sendo o João um dos mais novos. Me senti acolhida ao perceber que não era a única passando por este terremoto...

Por vezes tenho vontade de montar em um foguete e ir pra Lua mas como sentirei saudades do meu filhote birrento, é melhor repetir o mantra "vai passar" e seguir adiante.
Educar é muito difícil e tenho medo de que ele fique mimado e não saiba lidar quando a vida lhe apresentar a frustração. Sei, sei que este papel é dos pais mas tenho sentido muita dificuldade em negar e colocar limites apenas com diálogo.
Bater não resolve, gritar não resolve e muitas vezes a conversa também não. Quando tento, me sinto uma tola pois ele começa a chorar cada vez mais alto e eu não sei o que fazer.
Neste momento, deixo-o chorar por uns minutos depois eu volto e tento conversar. As vezes isso se repete várias vezes até que ele se acalme e eu possa enfim, falar.
Peço para ele não fazer mais, ele concorda, me dá um abraço e daqui a menos de uma hora, ele esta fazendo a mesma coisa.
Cansaço. Isso me resume. O bom é que na maioria das vezes sei quando as crises vão começar. Os pontos críticos são o sono e a fome.
E as restrições.... claro! João Victor não sabe lidar com qualquer negativa. Não há limites para brincadeiras, para ver desenho, hora para tomar banho ou para sair dele, deixar os coleguinhas irem embora... enfim, a palavra NÃO simplesmente não existe para ele.
E sabemos que não dá para ser assim.

Agora, some esta angústia e dificuldade + um dia a dia repleto de trabalho + duas horas de engarrafamento + culpa por tanta ausência.... = prazer, meu nome é Viviane!

Na boa, as vezes chego tão cansada, tão esgotada física e emocionalmente que acabo sendo permissiva em algumas questões simplesmente porque naquele dia (e só naquele dia), eu queria um pouquinho do combo paz/silêncio/descanso.
Ninguém me disse que seria fácil mas eu preciso acreditar que isso vai passar! E logo....
 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A maternidade tem destas coisas... 
Você trabalha intensamente o dia inteiro, quer chegar em casa, tomar um banho, curtir um tempo só seu.
Daí você chega em casa... é uma gritaria, a casa esta revirada pelo avesso, brinquedos espalhados até no banheiro, a geladeira esta zero glamour - nada de bom.
Você pensa, meu Deus é isso que temos pra hoje?

Daí chega o final de semana, você encaixota pai e filho para uma atividade ecológica e de repente...........
Fica sem cenário!
Arruma a casa,
Toma Banho demoradamente,
Olha o relógio,
Passa mil quinhentos e trinta e oito cremes,
Prepara o almoço,
Olha o relógio,
Almoço fica pronto,
Olha o relógio,
Liga a televisão e olha o relógio,
Caramba, vou ligar...
"Alô... esta tudo bem? Tá, sei, bebeu água, passou filtro solar, comer alguma coisa? Tá, sei... tá adorando... tá... nem perguntou por mim? Tá... tá... tu tu tu...

Olho o relógio... poxa, estão demorando...
Passam duas, três horas...
A fome, aperta, almoça sozinha.... olha o relógio... droga, detesta almoçar sozinha...

Olha o relógio, esta escurecendo!
Gente, sequestraram meu filho! Não é possível, que passeio é este que não acaba!!!
Ele deve ter caído, se machucou, o pai não ligou porque não quer me preocupar... tou sentindo, é isso! Esta acontecendo alguma coisa, não é possível um passeio demorar tanto!
Vou ligar:
"Alô, fala a verdade, o que esta acontecendo??? Cadê meu filho?!@#$$% Caramba, vc precisa voltar pra casa agora, eu tou sentindo, fala a verdade!!!!" Hã.... que? Está chegando??? Tá, tou esperando."

E aí.... a criaturinha chega.
Cheio de histórias, olhinhos brilhando, ansioso para contar tantos detalhes, descobertas e aventuras...
E com ele também chegam todos os barulhos, manhas, gritos, desenhos animados e brinquedos voadores.
A casa adquire outra configuração e eu volto a encontrar meu cenário, minha estória, volto a me identificar.
Este é meu melhor papel.






segunda-feira, 23 de julho de 2012

Recordar é reviver

É muito engraçado como a nossa cabeça registra de forma intensa os momentos bons que vivemos.
Neste final de semana, depois de dois anos, voltei a maternidade onde João Victor nasceu.
Fomos visitar o pequeno Pietro que acabou de nascer e já é alvo da babação geral.
Na saída da visita, Raphael foi carregando o João Victor no colo e eu ligeiramente atrás. Vê-lo no colo do pai me remeteu imediatamente a nossa saída da maternidade.
João Victor no bebê conforto, Raphael com um sorriso de orelha a orelha, eu muito emocionada e com a certeza de que agora era 'jogo valendo'.

Eu me emocionei muito quando recebi alta na maternidade. Parece que ali, naquele momento em que eu estava pronta para sair do Hospital é que me dei conta da responsabilidade que eu teria pro resto da minha vida. Foi como se alguém falasse no meu ouvido: toma que é teu!

Me emociono intensamente com fotos de partos, pois naquele primeiro olhar entre mãe e filho, nasce uma conectividade que só quem já viveu isso pode falar.
É o momento que decoramos aquele rostinho, sentimos o primeiro cheiro, o choro que vai nos marcar ao longo dos anos.

Eu não me lembro do que comi ontem mas me recordo de cada segundo daquele dia 17 de abril de 2010. Cada olhar, cada observação do caminho à maternidade, cada assunto, cada minuto de espera.

Tudo isso pra contar que tem crescido a cada dia a vontade de ter outro filho. Uma vontade que esta me sondando e me faz querer reorganizar a rotina, o ninho e iniciar os planejamentos para esta grande chegada.

Enfim, vamos ver no que vai dar. Já iniciamos a readequação do espaço no quartinho do João Victor e esta fase consumirá este final de semestre. Se tudo correr bem, ano que vem teremos mais um guri me enlouquecendo...rs

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pequeno Dicionário de João Victor:


Piíto = Pirulito
Coate = Chocolate
Isquete = Raquete
Tabaiá = Trabalhar
Zugá = Jogar
Vascão = PALAVRÃO!!! rsrsrsrs, ele usa quando esta enfezado, franze a testa e fala isso em tom de desaforo.

... e a melhor de todas: PICA COCA!!!! rsrsrrsrs ele fala isso sempre que esta feliz ou quando a coisa é legal...rsrsrs (eu acho).
Já virou vocabulário oficial lá em casa.

Ele esta com dois anos e três meses e fala tudo. Esta com o vocabulário cada vez mais aprimorado e se faz entender tranquilamente.
É um papagaio e temos que nos policiar pois ele repete tudo e ainda faz fofoca...rs
Se algo acontece perto dele, registra o acontecido e quando menos se espera ele repete a cena.
Neste final de semana, quase deixei o laptop cair no chão. Fiz uma exclamação e falei: Ai João Victor, se eu deixo este computador cair no chão, seu pai me mata!
Assim que o pai chegou ele virou e falou: Papai, mamãe deixou 'putadô' caiu no chão! (e riu).

Eu deveria brigar, repreender, ensinar sobre não fazer fofoca mas morri de rir... PICA COCA!

terça-feira, 10 de julho de 2012

É horrível a sensação de impotência que sentimos ao ver nosso filho doente.
Qualquer mãe daria tudo para não ver o filho sofrer, seja pelo motivo que for.
Há semanas João Victor esta com uma tosse louca, que o faz perder o fôlego e muitas vezes vomitar.
Não quer comer, não dorme direito, as crises vem a qualquer hora do dia e não sei mais o que faço.
Todos os amigos e familiares tem um diagnóstico a nos dar, um remédio a receitar, mas sou extremamente contra automedicação.
Já levei-o ao atendimento de emergência e o médico sequer pede uma radiografia e já receita antibiótico. Tenho uma dificuldade enorme em medicar meu filho pois além dele se debater e me enlouquecer, não gosto da idéia de intupi-lo de antibiótico. Tenho sempre a sensação de que quando o médico não sabe ao certo o problema ele receita antibiótico na certeza de que dará resultado.
Já consultei-o com a pediatra dele e os remédios receitados não deram o resultado esperado.
Hoje temos mais uma consulta e espero que meu filho melhore logo.

João Victor é uma criança alegre, comunicativa, ativa. Quando ele esta assim, parece que o mundo ao redor fica cinza.
Ele continua brincando mas se ele se agita demais, logo desencadeia uma crise de tosse e fica abatido de imediato.

Hoje vamos novamente a pediatra dele. Que ela seja iluminada a encontrar uma melhor solução para nosso caso.
Preciso manter a fé e acreditar. Ele precisa melhorar. 

Enquanto isso, registro as fotos do meu pequeno dançarino.
Ele ama dançar a dá sempre show nas festinhas...rs


terça-feira, 26 de junho de 2012

Adoro olhar fotos antigas do João Victor e a cada momento minha tese sobre os sequestradores alienígenas se consolida e mostra-se como verdadeira.
Veja bem, o João Victor já foi sequestrado pelo menos umas cinco vezes desde de que nasceu. 
Quando olho suas fotos, vejo que meu filho mudou completamente de fisionomia várias vezes, parece outra criança, sem nenhum grau de parentesco com a fase anterior, uma loucura!
Acho que os alienígenas vem, sequestram nosso filho e colocam outra versão no lugar. Daí você não sente falta, acha normal e só se dá conta quando compara fotos antigas. 
Só pode ser isso...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Quando decidi ser mãe e comecei uma busca infindável de informações para construir meu jeito de maternar, li muito sobre os benefícios da cama compartilhada.

Aderimos a este recurso por volta do segundo mês de vida do João Victor quando ele teve uma reação a vacina e ficou com febre por umas duas noites.

É inegável que a cama compartilhada trás de fato, muitos benefícios tanto para o bebê quanto uma enorme comodidade para a mãe que, exausta precisa encontrar formas de cuidar do seu bebê e também manter sua sanidade...rs
Foi uma delícia dormir com meu filho na mesma cama, tendo aquele cheirinho gostoso, aquele corpinho bem perto dos meus afagos... 

O pai apoiava e mostrava até certa resistência em colocarmos o João Victor no berço. 
Na minha cabeça, eu datei que após um ano ele iria para o seu quarto mas a data chegou e só me senti fortalecida de iniciar este processo agora, com o João Victor com dois anos.

Troquei muitas informações com minhas amigas e procurei inspirações na blogosfera materna. O relato da Dani do Blog (danydanielle.blogspot.com) me deu ânimo e ... mãos a obra!

Chamei um montador de móveis para desmontar o berço e transformá-lo em uma cama de solteiro, afinal, comprei o móvel justamente por esta funcionalidade.
Comprei colchas e lençóis para esta nova fase e tentei deixar o quarto com menos cara de quarto de bebê.
O berço transformou-se em uma cama de solteiro e um móvel baixo que receberá a roupa de cama, livros e brinquedos. A idéia é deixar tudo a mão para que ele explore e brinque com o que quiser.

Durante o dia, deitei várias vezes com o João Victor na nova cama, dizendo que aquele era o seu quarto novo e que a partir de agora ele iria dormir neste local.
Ele curtiu e toda vez que chegava alguém lá em casa, mostrava o espaço para o 'visitante'.

A noite, arrumei a cama dele e a auxiliar. O plano era dormir com ele a noite toda por uma semana. Depois deste tempo, ele passaria a adormecer comigo ao lado e depois eu iria para o meu quarto.

Primeira semana: Ele dormiu bem. Tentou dormir na mesma cama que eu mas carinhosamente eu explicava que ele tinha que dormir na caminha dele. Eu fazia carinho e ele adormecia novamente. Acordou para mamar nos horários habituais.

Segunda semana: Grande expectativa! A meta era, fazê-lo dormir, colocar na caminha dele, ligar a babá eletrônica e torcer!!!!
Nossa, a primeira noite ele acordou apenas para mamar, a babá eletrônica funcionou maravilhosamente bem e eu dormi tranquilamente. Quando deu seis horas da manhã, ele foi para o nosso quarto e deixamos ele terminar o sono lá.

Na segunda noite, a babá deu uma zica e só escutamos o chorinho dele quando ele próprio já se fazia escutar (fail)! Mas ainda sim, considero um sucesso, já que depois de alimentado e acalentado, voltou a dormir, permanecendo assim até a hora de eu levantar para trabalhar.

Ainda estamos iniciando o processo mas estou muito feliz com os avanços dele. 
Dá trabalho, requer rotina e dedicação como tudo que envolve nossos filhos. A Dani escreveu sobre o ato de levantar mil vezes para recolocar o filho na cama dele e eu me preparei psicológicamente para isso.
Sabia que uma vez iniciado este processo, não poderia voltar atrás ou a mensagem que passaria ao João Victor seria de que, se ele chorar ou insistir, eu desisto de fazer o que ele não quer.

Vou insistir e sei que este é mais um ciclo que se encerra. Vivemos intensamente a cama compartilhada, recomendo a todas a experiência mas quando a criança e os pais dão indícios de que precisam de espaço individual, quando este começa a ficar restrito, é sinal que todos já estão prontos para encerrar esta vivência e partir para uma outra etapa.

João Victor mostrou que estava pronto e tem respondido muito bem a este desafio.
Confio nele e sempre passaremos para outras vivências assim que ele demostrar que esta pronto para novos desafios, sem trauma e no tempo dele.



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Aventuras Culturais, ou o espetáculo de educar.

A experiência de ter um filho, cuidar dele e educá-lo é avassaladora.
Para quem pretende ter, é bom pensar que não são só fraldas sujas, choros a noite e risadinhas que compõe o pacote. Ter um filho, nestes moldes (parir, dar cuidados de higiene e alimentação) na verdade é a parte mais fácil.

O que demanda tempo, dedicação, pensamentos conflitantes e inseguros, é justamente o ato de educar, de estimular o outro, de doação de tempo e investimento na formação de um indivíduo.
Acompanhar com proximidade o desenvolvimento de um filho demanda opções e enquadramento em outros espaços sociais.

João Victor acabou de completar dois aninhos e estou fazendo o possível para tornar ampla suas opções de diversão e de atividades culturais que eu espero, que tornem-se hábito quando ele tiver mais idade.
A meu ver, este é um investimento que vai sim, determinar suas opções no futuro.

Levei-o recentemente ao teatro e vimos "Gato de Botas". É óbvio que não espero dele total compreensão do roteiro e estória envolvendo o personagem mas é lindo perceber como até hoje, ele lembra do personagem e conta, ao modo dele, uma das cenas em que ele come um rato.

Ontem, levei-o para assistir o espetáculo "Disney On Ice". Lindo de ver a espectativa dele em ver o Mickey, cutucando e apontando para o pai as cenas que estavam causando espanto/ admiração. 
Ele assistiu com atenção todo o espetáculo e por horas perguntava se o lobo mal ia aparecer - ele esta encantado com a estória Os três Porquinhos.

Como ele demonstra interesse por estas atividades, em breve teremos nossa primeira experiência no cinema, onde pretendo levá-lo para ver Madagascar.

Muitos perguntam: mas ele é tão pequeno, será que entende o que esta acontecendo?
Não importa. Meu objetivo é respeitar o tempo do João Victor, trabalhando aos poucos seus gostos, suas opções de lazer, seu conhecimento e sei que isso vai resultar em mais vocabulário, mais sociabilidade, maior capacidade argumentativa e maior conhecimento geral.

Estes mesmos pensamentos já são estimulados pela escola, que sempre nos manda os folhetos com os espetáculos e incentiva os pais a levarem as crianças, a acompanhar seus filhos nesta intensa viagem de educar.

Dá trabalho e não custa barato. Infelizmente o governo diz incentivar a cultura mas não uma que emancipe e torne seus cidadãos capazes de questionar e mudar o leme de suas vidas.
Os preços ainda são caros e proibitivos para a maioria das famílias mas ao menos na minha, estamos optando e tendo a oportunidade de focar neste momento do João Victor e nos deliciar com cada desenvovimento dele.

Muita emoção: Hoje levo meu filho a um espetáculo que a minha mãe, com as maiores dificuldades do mundo, se esforçava para  me levar. Este talvez seja o grande legado que ela um dia me deixará: o cuidado por quem cativamos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Nossa, nem que eu quisesse conseguiria atualizar o blog com os últimos acontecimentos na vida do João Victor.
A entrada na escola, os avanços que ela acarreta na linguagem, vocabulário, na socialização da criança, enfim, uma infinidade de progressos que só fazem adocicar ainda mais esta fase deliciosa que é o início da independência no meu filhote.
Ele já constrói frases inteiras, com sentido e até arrisca galanteios para a mamãe...rsrsrrsr
A parte ruim do convívio escolar, são as mordidas, os galos e inúmeras marcas roxas por toda a perna. É um cai cai danado e morro de medo que ele machucar ou quebrar os dentinhos.

Neste momento, estou vislumbrando tirar a chupeta dele. Ele tem colocado-a inteira na boca e já noto que não há qualquer benefício para utilização da chupeta na fase em que ele esta.
Estou conversando com mães mais experientes e pegando dicas e 'cases de sucesso'. Espero que não seja um processo doloroso para ele, pois sempre opto por respeitar o tempo dele, o grau de maturidade em que ele se encontra...

Ainda estamos utilizando a cama compartilhada e agora que João Victor completou dois anos as coisas estão cada vez mais complicadas. Dois adultos e uma criança com sono bastante inquieto, dividindo a mesma cama, faz com que o sono dos adultos não seja regular e ao amanhecer, ficamos sempre com a sensação de que não descansamos nada.
Este mês finalizamos o primeiro semestre do ano e já começo a pôr em prática o projeto "João Victor na sua caminha".
Tomara que dê tudo certo e que eu persista frente as dificuldades que sei que vou encontrar. 
Oremos!!!!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Escolinha

O tempo passa e a cada avanço, tenho a sensação de que tudo esta passando rápido demais e eu estou perdendo grande parte desta viagem.
Aos 1 ano e 10 meses meu príncipe teve seu primeiro dia na escola. Matriculei-o no mesmo maternal que eu estudei. Foi uma grande emoção levá-lo no primeiro dia.
Indiferente de qual fosse o comportamento dele, sabia que ia chorar de qualquer jeito.
Antes de  levá-lo, falei muito da escola, dos coleguinhas que faria lá, do campo de futebol e do parquinho. Tentei criar uma atmosfera de curiosidade nele.
Ao chegar na escola, muitas crianças estavam chorando e busquei tirar a atenção do João Victor deste fato. Mostrei a quadra de esportes, os passarinhos, até que as crianças entrassem no colégio.
Quando tudo se acalmou, me aproximei da professora e ela imediatamente disse:
- Oi João Victor, tudo bem? Você quer conhecer o parquinho?
E ele, apenas se jogou no colo dela e me deu tchau! Simples assim, vê se pode?
Fiquei orgulhosa pelo desprendimento dele mas desolada por tamanha emancipação!
Meu bebê, meu filhotinho querido, dando seus primeiros voos e quem sabe conhecendo a primeira paixão (pela professora)...
A primeira semana de adaptação foi bem tranquila. Agora é só organizar sua rotina, criar novos hábitos.
Estou muito feliz e isso se reflete na sua tranquilidade para vencer esta novidade. Queria apenas poder acompanhar com maior proximidade. 
Faço acessos remotos, leio a agenda todos os dias, faço mil perguntas a vovó mas queria poder levar, buscar, atuar na adaptação te dando ainda mais confiança neste momento.
Enfim, busco não me martirizar tanto pois sei que sou a melhor mãe que o João Victor poderia ter. Sou uma 'mãe possível'.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Ainda por aqui...

O tempo é o melhor remédio.
É o que faz calar a maior parte dos rompantes.
É o que tras sabedoria, é o que trás a conciência...
O tempo, ah o tempo!!!
Mais importante que o tempo, é o silêncio.... e é a ausência de respostas que deixa certas pessoas loucas!!!!